segunda-feira, 21 de março de 2011

Foi por pouco, Obama

"Se essa palhaçada fosse na Cinelândia, ia juntar muita gente pra pegar na saída. Pra se fazer justiça uma vez na vida", Paralamas do Sucesso. Luis Inácio (300 picaretas).

   Em uma manobra rápida e não explicada, a equipe do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cancelou o discurso que seria feito na Praça da Cinelândia, localizada no Rio de Janeiro. Talvez tenham sido avisados ou fizeram uma pesquisa rápida. Com essa ação, evitaram que Obama falasse ao povo brasileiro do local onde milhares de pessoas se reuniram para pedir a volta das eleições diretas, pondo fim numa ditadura apoiada e arquitetada junto com o próprio governo estadunidense, naquele momento representado por Obama. Pode até não ser nada de extraordinário, mas estariam pisando em nossa história. Simbolicamente, poderia dar a ideia de que aquelas manifestações não serviram para nada.
   Mais confortável e blindado de qualquer manifestação, Obama discursou de dentro do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, falando sobre democracia e lembrando nossa triste história, citando o exemplo da ditadura. Porém, exaltou o povo brasileiro e prestou uma homenagem à nossa democracia, que por duas décadas ficou adormecida com a ajuda de um sedativo chamado imperialismo, dado pelos Estados Unidos. Talvez alguns argumentem que isso é lembrar o passado e que Obama não tem nenhuma ligação com o que aconteceu. Sim, de fato não tem. Mas mesmo o que é meramente simbólico, também machuca. Ele até falou de Dilma, se referindo ao tempo em que nossa presidente foi presa e torturada. Os efeitos daquela ditadura ainda ecoam pelo Brasil, impedindo avanços. Bom, mas vamos esquecer, agora eles querem até ser nossos parceiros.
   Quem escuta o presidente Obama falando tanto em paz, democracia, pode se esquecer de que os Estados Unidos apoiaram as ditaduras do Oriente Médio, promoveram duas guerras contra países visivelmente inferiores militarmente e abriram fogo contra civis, matando milhares deles em um confronto que seria cirúrgico e preciso. Mas parece que o mundo sempre os perdoa e esquece facilmente de tudo o que já fizeram e fazem em nome da democracia. Ainda falam de quem faz em nome de deus, os chamados terroristas.

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