segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Dilma, o decreto e a oposição

   Quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso leu a notícia de que Dilma passará a decidir o valor do salário por meio de decretos, deve ter pensado: ficamos oito anos lá e nunca pensamos nisso. Talvez seja por isso que entraram com recurso, alegando que a medida da presidente é inconstitucional. Não aceitam que tal medida não tenha saído de suas cabeças neoliberais.
   A proposta de reajuste dos tucanos era de 600 reais, conforme havia prometido José Serra, em sua campanha. Isso que é homem de palavra, prometeu e cumpriu, mas ficou na promessa, porque sabia que não passaria disso. Já o restante da oposição fez a grande proposta: 15 reais a mais. Bom, entre 600 e 560 reais, venceu o governo com seus 545.
   Mas até aí tudo bem, o aumento do salário mínimo nunca passa de merrecas mesmo. O preocupante disso tudo é saber que, até 2015, Dilma vai reajustar o salário mínimo por meio de decreto. Isso significa dizer que não haverá diálogo com a população, com sindicatos e com nenhuma outra entidade representativa. O que antes era feito através de votação no legislativo, será feito por decreto presidencial. O governo alega que isso faz parte de uma política a longo prazo.
   Isso pode acabar sendo benéfico ou não, mas é um retrocesso no que diz respeito à democracia e à participação popular. A oposição e as raposas da direita devem estar extremamente orgulhosas dessa decisão do governo PT, que não precisava fazer isso para aprovar seus projetos no Congresso, pois já tem a maioria.