quarta-feira, 23 de março de 2011

O Estado laico e o ensino religioso nas escolas

   Constitucionalmente, o Estado brasileiro é laico, portanto, nenhuma instituição pública deve se manifestar a favor de qualquer credo ou religião. Tem a obrigação de respeitar todas, já que o cidadão tem o direito de liberdade religiosa. Mas, infelizmente, essa lei não é devidamente aplicada no Brasil. Os exemplos pode ser vistos nas casas do legislativo e do judiciário, nas quais podemos facilmente encontrar símbolos da Igreja Católica pendurados na parede, como crucifixos e terços. Isso já caracteriza o descumprimento da lei, pois qualquer menção a apensas uma religião está despeitando as demais.
   No entanto, esse não é o principal problema, pois trata-se de simbolismo. A situação mais grave foi apurada e denunciada por uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Brasília. O estudo, que resultou no livro “Laicidade, o ensino religioso no Brasil”, aponta que a religião cristã é a mais evidenciada nos livros utilizados nas aulas de ensino religioso das escolas públicas do Brasil. A figura de Jesus Cristo aparece dezenas de vezes mais que a de outros líderes religiosos, sendo que alguns nem mesmo são citados. Outro grave fato apontado pela pesquisa é o estímulo ao preconceito contra homossexuais e ateus. Os livros de ensino religioso afirmam que o “homossexualismo” não é natural, além de ser doença e desvio de conduta. Já os ateus, por não acreditarem em deus, são comparados aos nazistas.
   Infelizmente, esse tipo de fato mostra que o Estado brasileiro ainda não se desvinculou da Igreja Católica, que continua pautando suas crenças na sociedade, como se fosse a verdade única e absoluta. Com isso, comprova-se que vai demorar para que as minorias tenham vez e voz no Brasil. O fato de que a maioria da população brasileira seja católica não impede que outras religiões com menos adeptos tenham espaço nas instituições públicas do país. As crianças precisam aprender que existem outros credos, até para que um dia, quando estiverem adultas e longe da influência dos pais, possam escolher em que vão acreditar ou se não vão acreditar em nada. Não é papel da escola decidir isso por ninguém, muito menos estimular a ignorância com comparações idiotas e mentiras, como as afirmações sobre os homossexuais.

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